REPRODUÇÃO HUMANA
Dra ANA AGRA traz a Macapá uma das maiores expressões medicas em Reprodução Humana com especialização no Canadá e Austrália, é o Dr. CÉSAR PINHEIRO.
ESTAMOS EM NOVO BLOG< no facebook tambem,www.blogdanecamachado.blogspot.comnecanomundo.blogspot.com,quitutesdaneca.blogspot.com>floresdaneca.blogspot.com Neca Machado - (Bacharel em Direito Ambiental, administradora Geral, Especialista em Educação Profissional,Licenciada plena em pedagogia, Jornalista Colaboradora com DRT e artista plastica ( necamachado@hotmail.com)
Um dos Logradouros mais belos do Amapá, área de proteção ambiental o Curiau, está abandonado pelas autoridades que são responsáveis pelo turismo local, as passarelas estão quebradas trazendo perigo ao turista, tem lixo por sobre as vias de acesso, enfim, deveria haver uma fiscalização por parte do Ministério Público que trata dos problemas envolvendo Logradouros como o CURIAU.
UMA SUGESTÃO:
Deveria ter um Conselho gestor no CURIAU, ou ser criada uma comissão para administrar o local, com cobrança de um valor simbólico como (0,50 cinqüenta centavos. Em qualquer lugar do mundo que se valorize a cultura tem sido cobrada uma taxa de bonificação.
Quem quiser ver o meu acervo no Memorial Poço do Mato tem que pagar.
CARLOS CORREIA SANTOS
A poesia de Carlos Correia foi ovacionada no Projeto Amapaense: POETAS DA AMAZÔNIA, com a participação musical de Nilson Chaves e Osmar Junior.
Carlos Correia Santos é paraense, natural de Belém. Bacharel em Direito, jornalista e produtor cultural, Amante da literatura, é o idealizador, coordenador e apresentador de vários projetos de incentivo à leitura na região amazônica, entre os quais se destacam: "Café com Verso e Prosa" (realizado em Belém), "Café com Leituras" (realizado no município paraense de Castanhal) e Estrada de Letras (realizado nos municípios paraenses de Paragominas, Marabá, e Santarém), e em Macapá, capital do Amapá). Preside a ONG literária Cia. Amazônica do Livro tem trabalhos publicados e ganhou vários prêmios regionais.
Toda saudade é vil e vã
Carlos Correia Santos
No abrir-se da porta, aquela imagem quase monocromática. Um longilíneo vestido preto, trajando a palidez de uma flor-frágil. Toda a tradução da delicadeza cabível em uma dama.
O carteiro, retido à soleira, teve de deter o impulso de parecer idiota. Fora simplesmente tomado de assalto pela beleza triste a sua frente.
A jovem mulher falou mais com os olhos do que com os lábios. E disse apenas:
— Sim?...
Não... Por alguns segundos, o carteiro esqueceu-se do que havia decorado para falar:
— Bom dia, senhora. Sou do serviço de posta restante, dos correios — os olhos nos olhos vagos da outra — Tivemos um problema de extravio com uma correspondência endereçada a esta residência. Só conseguimos detectar o erro há pouco tempo. Na verdade, depois de um ano. E, por se tratar de um lapso tão grave, designaram-me para entregar pessoalmente a carta... É que ela foi originalmente postada com a recomendação de urgência — os olhos nos olhos fugidios de sua interlocutora — Aqui está...
E um envelope amarelado dirigiu-se à mulher vestida de preto.
Não foram mãos que tomaram para si a carta, mas puro vento. O olhar da dama-flor-frágil recaiu no sobrescrito e seu corpo inteiro estremeceu, quase a fazendo cair.
A agilidade do carteiro, que rápido se adiantou para ampará-la, impediu uma queda.
— Leve-me para dentro — foi o pedido que ela fez como quem pede as últimas coisas da vida.
O carteiro teve de carregá-la. Um feminino hálito quente dedilhando seu queixo, enquanto invadia aquela estranha casa escura, levando nos braços uma dama delgada e frágil. E tudo o levou a uma sala onde nada mais havia que uma cadeira de balanço e um pequeno banco, postos um em frente ao outro.
Acomodou a anfitriã na primeira e tomou a liberdade de se instalar no segundo.
Desfeita em seu assento, parecendo respirar só o suficiente para ainda existir, a mulher murmurou:
— Esta carta é de meu marido.
O carteiro não teve tempo de falar nada. A outra continuou a sussurrar, encarando o pobre empregado dos correios como se lhe tivesse ódio:
— Eu o enterrei ontem, você entende? Ele morreu e eu o enterrei ontem.
— Santo Deus... — um engolir em seco — Sinto muito. Acredite: sinto muito mesmo.
Ela estendeu a correspondência de volta ao carteiro.
— Tome. Abra e leia para mim.
"O que?!" Exatamente assim o outro exclamou:
— O que?
O retorno veio entre dentes, num tom explicitamente imperativo:
— Abra e leia para mim.
Não foram mãos que reouveram a correspondência, mas puro tremor. O carteiro hesitou em abrir aquele envelope amarelado. A ordem, porém, ainda lhe ecoava nos ouvidos. Destruiu, por fim, o lacre, retirou um papel dobrado em quatro. Desdobrou-o devagar. Houve cheiro de sândalo em volta.
— Leia... — ciciou a viúva. Um tom surpreendentemente lascivo. Ela sabia perfeitamente o que estava para ser lido.
E o carteiro iniciou uma leitura lenta:
— Minha amada flor-frágil... Continuo de onde parei na última carta. Continuo daquele ponto estranho e tão querido: meus desejos. Eu escreveria todas as cartas do tempo para discorrer sobre o desejo que escorre por mim...
O carteiro parou de repente. Fez ar de quem achava aquilo tudo absurdo.
E a viúva, quase num arfar:
— Leia...
Ele prosseguiu:
— O desejo que escorre por mim feito suor. O que molha em mim este suor? Para onde escorrem essas gotas? Escorrerá por que reentrâncias minhas?... Tu sabes o que em mim se umedece. Tu sabes muito bem que suo por ti. Por causa dessa tua perturbadora e simples lembrança. De ti talhada nesse teu corpo. Tu sabes... Tu sabes que escrevo essa carta nu!
Um grunhido da viúva, um olhar quente do carteiro.
— Deitado na cama, o travesseiro por apoio, escrevo nu. Flamejado pela visão que guardo nas retinas. A visão da tua nudez — o olhar correu pelo vestido preto, a sua frente. Tecido denso sobre um busto que subia e descia numa respiração desmedida. Tecido que subia até o pescoço de sua dona e descia ventre abaixo, cobrindo tudo miseravelmente — Tudo da tua nudez eu conheço. Mas é como se eu não conhecesse nada, pois quero sempre admirá-la qual fosse pela primeira vez. Admirar o que só eu sei. Pois só de mim sabe o arrepio dos teus poros...
A viúva levou a mão ao pescoço. Parecia sufocada. Os dedos desceram pelo colo, fugiram pelos seios, caíram pelo ventre, indo embora...
— Só de mim sabem os teus seios, o teu ventre, as tuas virilhas...— Um mirar que ia da carta à viúva, num frenesi quente — Tenho saudade do teu mistério. Do mistério que só eu rocei. Mas toda saudade é vil e vã. Pois não posso passar a língua na saudade. Não posso saciar minhas carnes com a saudade. Porque a saudade não me traz gozo.
A viúva — uma lágrima resvalando pela face — ergueu-se de repente. Aproximou-se do carteiro, arrancou-lhe a carta das mãos e determinou:
— Quero que você mate a saudade que sente meu marido morto.
E num instante elétrico, ela se retirou avidamente do vestido preto que a prendia. Pôs-se nua. O carteiro, fremindo, também foi ágil em livrar-se de suas roupas. Assim, os dois se uniram. E o assoalho conheceu o peso e a ginga de seus corpos atados. Gemidos, fúria, desatino...
Após o sexo, ainda no chão, desfeitos um sobre o outro... o casal ria de satisfação. E coube a mulher confessar:
— Você foi perfeito dessa vez.
O homem, totalmente alquebrado, gostou de escutar aquilo:
— Fiz tudo direitinho?
A outra mordeu os lábios antes de responder:
— Mais do que direitinho. Você parecia um autêntico carteiro assustado — gargalhadas — E eu? Convenci como viúva?
— Nossa! Até me deu vontade de morrer de verdade. Esse teu vestido preto faz a gente sentir vontade de cometer suicídio.
— Pervertido!
— Eu, pervertido? A idéia de tudo isso foi tua!
Um ansioso beijo na boca. Sofreguidão unindo língua com língua
— Vamos embora — ordenou ela, regozijada com toda aquela loucura — os donos da casa podem chegar a qualquer momento!
O texto acima foi o vencedor do I Concurso Metropolitano de Literatura promovido pela Prefeitura Municipal de Belém, em 2003.