OLHAR URBANO
ROGERIO BORGES
Ao escrever maldades, em um coração eivado de rancor, talvez magoa de alguem do AMAPÁ, Rogerio Borges, em nenhum momento pensa em se retratar e nem pedir desculpas, é hora de chover processos judiciais contra ele, que realmente merece.
ELE É UMA ABSTRAÇÃO.
“Na teminologia filosófica, abstração é o processo de pensamento em que ideias são distanciadas dos objetos, operação intelectual onde existe o método que isola os generalismos teóricos dos problemas concretos por forma a resolver os últimos.
A abstração usa a estratégia de simplificação, em que detalhes concretos são deixados ambíguos, vagos ou indefinidos; assim uma comunicação efetiva sobre as coisas abstraídas requerem uma intuição ou experiência comum entre o comunicador e o recipiente da comunicação. Isso é verdade para todas as formas de comunicação verbal/abstrata.
Através da abstração podemos imaginar as resultantes de determinada decisão ou ação, sem recorrer a mecanismos físicos ou mecânicos de resolução.
Segundo alguns, quando se está em processo de criação mental, ou abstração, não são dispensados os elementos concretos que constituem a formação do raciocínio. Este, por sua vez supõe e visualiza os resultados através de figuras de imagens mentais ou abstrações.
O planejamento de uma ação extrai dos dados concretos os traços julgados essenciais. Pois o critério subjetivo do processo criativo necessita de figuras de comparação que resultam no planejamento para a ação futura.
Embora nem sempre a abstração esteja ligada à criação, a criação está sempre ligada à abstração, portanto, sem a segunda, não há a primeira.’
Rogério Borges
Desde que me tornei cronista, redigi alguns textos que geraram reações. Algumas positivas, outras negativas. Isso é normal, faz parte do jogo. Quem publica, se presta à avaliação do público, o que é salutar.
O lamentável, às vezes, é que esse julgamento se dá em parâmetros equivocados. Foi isso o que ocorreu com meu mais recente texto, uma crônica em que coloco em dúvida a existência do Amapá. Recebi e-mails, fui "elogiosamente" referido no twitter e também neste blog por cidadãos do Amapá indignados com minha "ignorância", meu "desrespeito" e minha "burrice".
Comentários normais, não fosse o fato de o texto ter sido lido, em quase 100% do que comentaram, de forma totalmente equivocada. Acharam que a crônica era artigo de opinião, reportagem jornalística ou coisa que o valha. Equívoco, e dos grandes.
Crônica é o resquício de literatura nos jornais e, portanto, não tem o compromisso com a verdade dos fatos como deve ter as matérias jornalísticas. A crônica também não exprime necessariamente a opinião de quem a escreveu, já que não se trata de um artigo. É um texto de ficção, que pode falar de atualidades e e se basear em fatos reais, ou não.
Já fiz crônicas em que ameaçava matar pinchers a pisadas. Matei algum? Claro que não. Já inventei uma personagem, a Dona Iraci, que é uma velha fofoqueira e maledicente. Ela existe. Não. Já falei sobre as mais diversas bobagens, ironizando ou brincando com questões que mexem com o imaginário coletivo. Penso tudo o que escrevi? Claro que não.
Com o Amapá ocorre a mesma dinâmica. Claro que sei que o Amapá existe. Ainda não estou esclerosado. Claro que eu conheço pessoas do Amapá. Tirei sarro delas. Claro que sei o que é ser discriminado. Goiás também é. Aliás, muitos dos comentários, esses nada cronísticos e sim raivosos e descontrolados, demonstraram os preconceitos das pessoas em relação a Goiás.
Quando se escreve uma crônica, com a liberdade de criação que ela permite, imaginamos que os leitores também terão a abstração do autor, entrarão em um mundo possível, mas não real. Literatura, não importa de que qualidade seja, aposta nesse acordo tácito. Machado não morreu para escrever Memórias Póstumas com seu "narrador defunto". Guimarães Rosa não se tornou um jagunço para poder criar as histórias de Riobaldo em Grande Sertão: Veredas. E mesmo Flaubert, que declarou que "Madame Bovary c'est moi" não era, ele próprio, uma esposa adúltera.
Aos mais ofendidos pela crônica, não peço desculpas: peço mais abstração. Na crônica, que tem espaço reservado no jornal, com anúncio em letras garrafais, no suplemento de cultura, para que não paire dúvidas a respeito de sua natureza, é necessário imaginar e não se ater ao pé da letra do texto.
Passo a moderar os comentários neste blog porque minha mãe não tem nada a ver com os que leram errado minha CRÔNICA.
Abraço aos seguidores deste blog.
OBS: Ah, e para que não pairem dúvidas, sei que o Amapá existe sim. Sei há muito tempo, muito antes do Google, que me foi tão singelamente indicado por muitos.