Investigação atinge outra obra da Camargo Corrêa
da Folha Online
O Ministério Público, que investiga supostas doações ilegais da Camargo Corrêa a partidos, incluirá a usina de Tucuruí (PA) no rol de obras sob suspeita de superfaturamento, informam os repórteres Lilian Christofoletti e Mario Cesar Carvalho, em matéria publicada na Folha (a reportagem está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL).
A apuração integra operação em que quatro diretores da empresa foram presos pela Polícia Federal. Para a Procuradoria, o dinheiro eventualmente pago a mais pode ter sido usado pela empreiteira em doações irregulares.
Segundo ação na Justiça do Pará, a obra das eclusas de Tucuruí foi orçada em R$ 230,6 milhões, dos quais R$ 6,8 milhões teriam sido desviados.
Apontado pela PF como coordenador da distribuição de doações da empreiteira, Luiz Henrique Maia Bezerra, representante da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) em Brasília, é filho do ministro do Tribunal de Contas da União, Valmir Campelo.
Bezerra não quis falar. A empreiteira nega as acusações.
Castelo de areia
Deflagrada na última quarta-feira, a Operação Castelo de Areia da Polícia Federal desarticulou uma quadrilha especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro e também menciona sete partidos políticos que podem ter recebido doações ilegais da construtora Camargo Corrêa nas eleições de 2008.
Segundo reportagem da Folha desta sexta-feira, transcrição de conversas telefônicas de diretores da construtora aponta que a empreiteira fez doações ilegais a partidos políticos, segundo interpretação da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Apesar de a operação ter atingido partidos de oposição, as investigações, segundo informou o "Painel", da Folha, também preocupa membros do PT.
Também há indícios da participação de um dirigente da Fiesp no suposto esquema. Ele foi citado em uma das conversas grampeadas pelos investigadores. A entidade nega qualquer "distribuição de dinheiro para funcionários públicos", "pagamentos por fora" ou "obtenção de benefícios indevidos em obras públicas".
Senadores citados nos documentos da PF trataram de comprovar a legalidade de doações recebidas da construtora. O PSDB já solicitou ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), que ele peça à Justiça acesso aos relatórios da PF.