APENAS ALMAS
Somos, neste mundo, apenas almas,
Caçadoras de sonhos,
Fadadas a eventuais encontros.
Na nossa rota,
Não há sonhos premeditados,
Há, sim, intuição de lindas nuvens,
De doces tardes,
De manhãs festivas.
Como almas, somos diáfanos,
Não existimos aos olhos,
Somos imperfeitas sensações.
Nosso ser, líricas imperfeições sensitivas,
Nos impõe erros de vista, de perspectiva,
Numa traição covarde de nossa mira caçadora.
Queria ser ave, não alma,
Um lindo guará, vermelho-boêmio,
De vôos rasantes, não-patéticos,
Que tivesse, só eu, meu belo lago.
Um belo laguinho, de almas puras,
Cheirosas, e que cultivasse morenas,
Dançando, sem qualquer piedade,
Um permanente ritual mundano.
Voaria, assim, rasante e jamais arribaria,
Seria mais ave, não alma,
Dançaria sendo mais alma, não ave,
E colheria dos jardins morenos todas as rosas.
As minhas penas, vermelho-boêmio,
Nos vôos rasantes,
Cairiam como pétalas errantes
Desprendidas da alma caçadora de um guará em sonho.
Vicente Cruz
Somos, neste mundo, apenas almas,
Caçadoras de sonhos,
Fadadas a eventuais encontros.
Na nossa rota,
Não há sonhos premeditados,
Há, sim, intuição de lindas nuvens,
De doces tardes,
De manhãs festivas.
Como almas, somos diáfanos,
Não existimos aos olhos,
Somos imperfeitas sensações.
Nosso ser, líricas imperfeições sensitivas,
Nos impõe erros de vista, de perspectiva,
Numa traição covarde de nossa mira caçadora.
Queria ser ave, não alma,
Um lindo guará, vermelho-boêmio,
De vôos rasantes, não-patéticos,
Que tivesse, só eu, meu belo lago.
Um belo laguinho, de almas puras,
Cheirosas, e que cultivasse morenas,
Dançando, sem qualquer piedade,
Um permanente ritual mundano.
Voaria, assim, rasante e jamais arribaria,
Seria mais ave, não alma,
Dançaria sendo mais alma, não ave,
E colheria dos jardins morenos todas as rosas.
As minhas penas, vermelho-boêmio,
Nos vôos rasantes,
Cairiam como pétalas errantes
Desprendidas da alma caçadora de um guará em sonho.
Vicente Cruz