Autora: NECA MACHADO
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Ao nascer no norte do Brasil, na fronteira com a Guiana francesa ao sabor do vento do maior rio de água doce do mundo, o Amazonas, me considero UMA AMAZÔNIDA em sua plenitude.
Minha terra também tem Palmeiras, parodiando o poeta nacional, e pelo seu solo pátrio os pássaros que aqui gorjeiam também são cantadores. Por minhas entranhas os senhores da floresta abençoaram-me com suas ervas miraculosas e num magnífico cenário desta paisagem singular, me fortaleço continuamente fazendo com que meu sangue nativo circule com a força de meus ancestrais indígenas e africanos. SOU UMA AMAZÔNIDA!
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Por cultivar minha origem
Por amar minha raiz
Por debruçar-me sobre este solo,
Com a força motriz.
De quem sabe de sua historia
De quem ama o seu País.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Sentada nas embarcações
Caminhando sobre bolsões...
Cultivando o meu solo
Preservando minha fonte,
Sou deste solo errante
Como o maestro lapidante,
Que nas águas barrentas
Deste torrão tucuju
Descobre seu diamante.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
De vagidos cristalinos
De soberbo coração,
Que navego andarilha
Pelos campos altaneiros,
Deste solo trigueiro
Fincado no meio do mundo,
Abençoado e profundo.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Nascida na maior Floresta
Sentindo o vento na testa
Fazendo de minha aquarela,
Uma verdadeira festa.
Pedindo sempre a benção
De meus deuses e padroeiros,
Para que nunca pereça.
Em momentos traiçoeiros.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Voando em asas imaginarias
Como uma Fênix nortista
Que nunca perde de vista,
O chão de sua raiz.
Posso caminhar tão longe (Australia, Argentina, Uruguay, Guiana Francesa...)
Que sempre volto faceira,
Para minha terra altaneira
No norte deste País.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Que desce nossas ladeiras,
Que se extasia por inteira,
Com as manifestações
Que varam noites a fio
Neste recanto sutil,
Onde o som do Batuque
Penetra na carne
Cortando em golpes certeiros
Lembranças de meus pioneiros.
No vai e vem do equinócio.
Como animais no CIO.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
Banhada com água benta
Apaixonada por pimenta
Que se embrenha nas matas
Cortando nossos afluentes,
Como a lamina luzente
De um viajeiro andante
Debruçado sobre sabores
Desta terra singular
Onde cheiros e paladares
São divinos manjares
De Deuses do alem mar.
SOU UMA AMAZÔNIDA!
De pés na areia
Na lama
Na chuva,
Na maré.
Na calçada,
Na verdejante floresta,
Desta terra abençoada,
Por uma linha imaginaria cortada
Na beira de um Igarapé.